Musas na Clausura
A obra poética de Violante do Céu: literatura, música e espiritualidade no Mosteiro da Rosa de Lisboa
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Porquê este projeto e esta autora?
Apesar dos esforços dos últimos 15 anos para recuperar e estudar a escrita feminina da Idade Moderna, iluminando a área de influência da mulher na sociedade de então, a literatura de autoria feminina continua ainda distante da História e da Crítica literárias. Faltam estudos individuais e aprofundados para cada autora e obra. Desde que HATHERLY abriu este terreno (1990) até ao amplo estudo de MORUJÃO sobre temas, formas e autoras da literatura portuguesa (2005) e ao trabalho de RAMÓN (2006) em torno da narrativa de ficção de autoras mulheres, muito se tem feito, mas muito há ainda a realizar, até se atingir o aceitável nível de conhecimento, divulgação e reconhecimento destas vozes femininas. Soror Violante do Céu é um desses nomes que importa investigar, pois os estudos pontuais que alguns investigadores portugueses e espanhóis lhe dedicaram (IP 1997, 2004, 08, 13, 18, 19, 22; MENDES 1993; BARANDA 2007; MARTOS 2014) deixam ainda na sombra uma vasta panóplia de temas, géneros, problemáticas e textos q se pretende iluminar através do sólido trabalho desta equipa.
Violante do Céu ficou célebre como “décima musa”, epíteto que se confirma na proliferação de cópias manuscritas e edições avulsas de alguns dos seus poemas, bem como nos prémios obtidos em certames e na presença em preliminares de obras dos melhores poetas do seu tempo (Lope de Vega, Paulo G. Andrade ...). Acresce-lhe a importância de se tratar de uma voz feminina com vasta produção poética, n’uma época em que a escrita literária de mulheres seria improvável, em virtude dos constrangimentos sociais e culturais que então configuravam a sua esfera de ação. Apesar dessa relevância, a sua obra não foi ainda objeto de um estudo aprofundado e transversal, que a capte na sua individualidade e no diálogo com a sua época e com outros autores, devolvendo-a ao cânone maior da literatura portuguesa. A importância desta autora na cultura portuguesa da Idade Moderna exige uma reedição da sua obra e consequente estudo detalhado, pois só os textos acessíveis se conhecem, preservam, divulgam e apreciam.
Parte da obra desta monja (Rimas Várias) foi reeditada em 1993, numa edição já esgotada. Apesar desse trabalho, o conhecimento que o leitor atual tem de Violante do Céu limita-se a um n.º muito restrito de composições, praticamente repetidas em todas as antologias, circunscritas quase exclusivamente aos textos em Português, esquecendo que grande parte da sua produção se fez em Castelhano, no âmbito da diglossia dominante em tempo de monarquia dual (1580-1640), razão pela qual esta autora se reveste de interesse internacional.
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